segunda-feira, 28 de novembro de 2011

'Sonhador da Montanha'


'Não me interessa o que tu fazes para viver. Eu quero saber o que de facto tu buscas e se és capaz de sonhar e encontrar as aspirações do teu coração.
Não me interessa a tua idade. Eu quero saber se tu és capaz de te transformar num todo para poder amar, se tens sido exposto pela traição da vida ou se te fechas com medo da próxima dor. Eu quero saber se te tocaste no centro da tua própria tristeza, se és capaz de te sentares com a dor, a minha e a tua, sem tentar escondê-la ou diminuí-la. Eu quero saber se tu és capaz de ficar com a alegria, a minha e a tua, se és capaz de dançar e deixar que o êxtase te envolva e sem querer que alguém te aconselhe a ser mais cuidadoso, mais realista, ou que alguém te lembre das limitações do ser humano.
Não me interessa se a história que me contas é verdadeira. Eu quero saber se podes ser verdadeira contigo mesmo. Se és capaz de suportar a acusação da traição sem trair a tua própria alma. Eu quero saber se podes ver a beleza, mesmo quando o dia não está belo. Eu quero saber se és capaz de viver com os fracassos, os teus e os meus e mesmo assim na margem do lago, sorrir para a lua.
Não me interessa onde moras ou quanto dinheiro ganhas. Eu quero saber se és capaz de acordar depois da noite de desespero exausto e fazer aquilo que é preciso ser feito.
Não me interessa o que és e como chegaste aqui. Eu quero saber se te irás pôr no centro do fogo comigo sem fugires. Eu quero saber o que te sustenta interiormente quando tudo se desaba. Eu quero saber se és capaz de ficar só contigo mesmo e se realmente és boa companhia para ti nos momentos vazios...'

Oriach, Ancião Indígena